Minha inten ção é ruim,esvazia o lugar. Eu t ô em cima, eu t ô afim:1,2 pra atirar. Eu sou bem pior do que voc ê t á vendo,preto aqui n ão tem d ó, é 100% veneno.A primeira faz bum, a segunda faz t á. Eu tenho uma miss ão e n ão vou parar. Meu estilo é pesado e faz tremer o ch ão,minha palavra vale um tiroeu tenho muita muni ção. Me aquietam na sess ão,minha atitude vai al ém,e tem disposi ção pro mal e pro bem. Talvez eu seja um s ádico,um anjo, um m ágico,ou juiz ou r éu,um bandido do c éu,malandro ou ot ário,quase sanguin ário, franco atirador (se for necess ário),revolucion ário, insano ou marginal,antigo e moderno, imortal,fronteira do c éu ou infernoastral imprevis ível, como um ataque card íacodo verso, violentamente pac ífico, ver ídico,vim pra sabotar seu racioc ínio,vim pra abalar o seu sistema nervoso e sangu íneo. Pra mim ainda é pouco d á cachorro louco,n úmero 1, guia, terrorista de periferia. Uni, duni, t ê. Eu tenho pra voc ê: Um rap venenoso ou uma rajada de PT?E a profecia se fez como previsto:1997 depois de Cristo.A f úria negra ressucita outra vez: Racionais Cap ítulo 4, Vers ículo 3. Ol á filhas da puta, Pá p á. Faz frio em São Paulo pra mim t á sempre bom:eu t ô na rua de bombeta e moleton,dindindon rap é o som que emana dum opala marrom.E a í? Chama o Guilherme, chama o Bane, chama o Dinho,e o Kim, Marquinho, chama o Eder vamo a í,se os outros manos vem, pela ordem tudo bem,melhor, quem é quem no bilhar no domin ó. Colou dois mano um acenou pra mim,de jaco de cetim, de t ênis cal ça jeans. Ei Brown, sai fora, nem vai, nem cola,n ão vale a pena d á id éia pra esse tipo a í:ontem a noite eu v í na beira do asfalto,tragando a morte, soprando a vida pro alto.Ó os cara s ó o p ó, pele e osso,no fundo do po ço, mais flagrante no bolso. Veja bem ningu ém é mais que ningu ém,veja bem, veja bem,eles s ão nossos irm ãos tamb ém. Mas de cocaina e crack, wisky e conhaque,os mano morre rapidinho sem um lugar de destaque. Mas quem sou eu pra falarde quem cheira ou quem fuma? Nem d á! Nunca te dei porra nenhuma. Voc ê fuma o que vem, entope o nariz,bebe tudo que tem, fa ça o diabo feliz. Voc ê vai terminar, tipo o outro mano l á,que era um preto tipo A,ningu ém entrava numas. Mó estilo:de cal ça Calvin Klein, t ênis Puma. Um jeito humilde de ser, no trampo e no rol ê. Curtia um funk, jogava uma bola,buscava a preta dele no port ão da escola.exemplo pra n ós, m ó moral, m ó ibope. Mas come çou colar com uns branquinhos no shopping. Ih mano! Outra vida, outro pique, s ó mina de elite,balada, v ários drinks, puta de boutique,toda aquela porra, sexo sem limite, Sodoma e Gomorra. Faz uns nove anos,tem uns 15 dias atraz eu vi o mano,se tem que ver,pedindo cigarropros tiozinho no ponto, dente tudo zuado,o bolso sem nem um conto.O cara cheira mal, azia senti mesmo!muito louco de sei l á o que, logo cedo. Agora n ão oferece mais perigo: viciado, doente,fudido: inofensivo. Um dia um PM negro veio emba çare disse pra eu me por no meu lugar. Eu vejo um mano nessas condi ções, n ão d á! Ser á assim que eu deveria estar? Irm ão o dem ônio fode tudo ao seu redor,pelo r ádio, jornal,revista e outdoor. Te oferece dinheiro,conversa com calma,contamina seu car áter, rouba sua alma. Depois te joga na merda sozinho,transforma um preto tipo A num neguinho. Minha palavra alivia sua dor, ilumina minha alma,louvado seja o meu Senhor. Que n ão deixa o mano aqui desandar,ah nem sentar o dedo em nenhum pilantra. Mas que nenhum filha da puta ignore a minha lei: Racionais cap ítulo 4, vers ículo 3. Ol á filhas da puta Pá p á. Quatro minutos se passaram e ningu ém viu,o monstro que nasceu em algum lugar do Brasil. Talvez o mano que trampa debaixo do carro sujo de óleo,que enquadra o carro forte na febre com sangue nos olhos,o mano que entrega envelope o dia inteiro no sol,ou o que vende chocolate de farol em farol,talvez o cara que defende o pobre no tribunal,ou que procura vida nova na condicional,algu ém no quarto de madeira, lendo à luz de velas,ouvindo r ádio velho no fundo de uma cela,ou um da fam ília real de negros como eu sou,um pr íncipe guerreiro que defende o gol.E eu n ão mudo mas eu n ão me iludoos mano cu-de-burro (tem) eu sei de tudo. Em troca de dinheiro e um cargo bom. Tem mano que rebola e usa at é batom. Varios partidos falam merdapra todo mundo ouvir,ah ah pra ver branquinho aplaudir.É na sua sua área tem fulano at é pior,cada um cada um, voc ê se sente s ó. Tem mano que te aponta um pistola e fala s ério:explode sua cara por um toca fitas velho. Clic! plau! plau! plau! e acabousem d ó e sem dor, foda-se sua cor, Limpa o sangue com a camisa e manda se fuder! Voc é sabe por que, pra onde vai, pra quem vai. De bar em bar, de esquina em esquina,pegar 50 contos, trocar por cocaina. Enfim, o filme acabou pra voc ê:a bala n ão é de festim, aqui n ão tem dubl ê. Para os manos da Baixada Fluminense à Ceilandia,eu sei, as ruas n ão s ão como a Disneylandia. De Guaianazes ao extremo sul de Santo Amaro:ser um preto tipo A custa caro. É foda! Foda é assistir a propaganda e ver:n ão d á pra ter aquilo pra voc ê. Playboy, folgado, de brinco, uns trouxa. Roubado dentro do carro na av. Rebou ças. Correntinha das mo ças. Madame de bolsa. Dinheiro. Não tive pai, n ão sou herdeiro. Se eu fosse aquele cara que se humilha no sinal,por menos de um real, minha chance era pouca,mas se eu fosse aquele moleque de touca,que engatilha e enfia o cano dentro da sua boca. De quebrada, sem roupa. Voc ê e sua mina. Um, dois, nem me viu! Já sumi na neblina. Mas n ão! Permane ço vivo, eu sigo a m ística,27 anos contrariando a estat ística. Seu comercial de TV n ão me engana,eu n ão preciso de status, nem fama. Seu carro e sua grana j á n ão me seduze nem a sua puta de olhos azuis. Eu sou apenas um rapaz latino americanoapoiado por mais de 50 mil manos. Efeito colateral que o seu sistema fez: Racionais cap ítulo 4, vers ículo 3. Marcelo KPZ@yahoo.com
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